"Adiantei-me alguns metros e vislumbrei uma imagem espectral. Havia uma dúzia de torsos femininos empilhados no canto da antiga capela. Percebi que não tinham braços nem cabeça e que se sustentavam num tripé. Cada um deles tinha uma forma claramente diferenciada, e não me custou adivinhar o contorno de mulheres de diferentes idades e constituições. Sobre o ventre, liam-se palavras escritas a carvão: 'Isabel. Eugenia. Penélope.' Pelo menos daquela vez minhas leituras vitorianas me ajudaram, e compreendi que aquela visão eram os restos de uma prática já em desuso, um eco de tempos em que famílias poderosas tinham manequins criados à semelhança dos membros da família para a confecção de vestidos e enxovais."
A sombra do vento - Carlos Ruiz Zafón - Ed. Suma de Letras
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