Quem acompanha o avesso da moda, sabe que Maria Antonieta é uma personagem histórica recorrente aqui.
Lendo o maravilhoso Rainha da Moda - como Maria Antonieta se vestiu para a revolução, de Caroline Weber, resolvi compartilhar uma história curiosa sobre a rainha da França.
Quando foi presenteada por Luís XVI com o Petit Trianon, Maria Antonieta resolveu adotar um estilo de vida mais livre, sem a rígida etiqueta de Versalhes, optando, inclusive, por mudar suas roupas, tornando-as mais soltas e leves, mais adequadas à vida no campo.
Em seu fervor por uma vida mais "simples", Maria Antonieta convidou sua retratista favorita, Élisabeth Vigée-Lebrun, para que a pintasse em uma gaulle de musselina, com chapéu de palha, e permitiu que a pintora apresentasse o quadro, intitulado La reine en gaulle, no Salão do Louvre, em Paris, em 1783.
Retratada como uma camponesa, o quadro não poderia ter tido pior repercussão. Onde estava o suntuoso manto de arminho bordado com flores-de-lis, as jóias, as sedas e os brocados?
O quadro foi considerado uma afronta à dignidade, pois mostrava a rainha "vestida como uma criada", isso sem mencionar a pretensa imoralidade sexual traduzida na transparência da musselina.
Houve um clamor de ira dos plebeus e da nobreza e, mesmo Maria Antonieta, que fazia pouco caso sobre a opinião alheia a respeito de suas vestimentas, voltou atrás: um novo quadro, La reine à la rose, foi pintado às pressas, apresentando a rainha em um robe a la française de seda, com jóias de pérolas, atestando sua suntuosa majestade.
Mas era tarde! Tanto as amigas (princesa de Lamballe), quanto as inimigas (Madame Du Barry) de Maria Antonieta adotaram a moda da gaule de musselina!